quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Quem tem medo do lobo mau?

  • Nome do anúncio: "Miedos"
  • Cliente: Saga Falabella
  • Agência: Leo Burnett
  • Director criativo: Juan Carlos Gómez De La Torre
  • Produtora: Fatfreefilms
  • Director: Milovan Radovic

Nos primeiros 50 segundos, a música que se ouve é a Primavera, do Vivaldi, tocada de trás para a frente.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O que é a publicidade?

A palavra publicidade deriva do latim publicis e designa a qualidade do que é público.

Os dicionários, fonte primeira na procura do esclarecimento de conceitos sobre os quais temos dúvidas, apresentam a publicidade como um substantivo feminino que designa o estado do que é público, divulgação, notoriedade pública, reclamo comercial, acto ou efeito de publicar ou editar; acto de dar a conhecer um produto ou conjunto de produtos, incitando o seu consumo; propaganda, etc.

Na verdade, ficamos muito pouco esclarecidos e alguns dos conceitos são tão pouco precisos ou abrangentes que cabiam lá outras disciplinas da comunicação, como, por exemplo, o jornalismo.

Em jeito de brincadeira, costumo dizer que a informação mais importante que tiramos de um dicionário relativamente à publicidade é o facto de esta ser um substantivo feminino. É que, sendo feminino, ficamos logo a saber que estamos perante um fenómeno complexo e que envolverá processos de sedução.

Procurando definições que foram sendo elaboradas ao longo da história, acabamos também por encontrar um sem número de afirmações que, em muitos casos, ou nos fazem rir ou ainda contribuem mais para nos baralhar. Alguns exemplos:

a) "Promessa, grande promessa". (dicionário de língua inglesa do sec. XVIII)
b) “Conversa de vendedor por escrito”. (definição do início do sec XX)
c) “A arte de convencer os consumidores”. (Luís Bassat, publicitário espanhol)
d) “A publicidade é o folclore da sociedade industrial.” (Marshall Mcluhan)
e)“É a ciência de aguentar a inteligência humana o tempo suficiente para lhe sacar algum dinheiro”. (Stephen Leacock – comediante)
f) "A arte de ensinar as pessoas a querer coisas". (H.G. Wells)

Não que algumas não sejam importantes para perceber o fenómeno. Por exemplo, a verdade é que, ainda hoje, muita gente partilha a ideia do comediante Leacock de que o objectivo é enganar-nos, do mesmo modo que a estranha expressão da “conversa de vendedor por escrito” esteve na base duma alteração do conceito de negócios das agências de publicidade então existentes. Até essa altura, as agências faziam essencialmente negociação de espaço e foi esta reflexão que começou a orientá-las para os conteúdos; ou seja, a agência começou a ser também e principalmente o local onde se executava e pensava a peça comunicacional.

De qualquer modo, creio que estaremos ainda longe de nos considerar esclarecidos sobre o que é isso afinal da publicidade. Sinceramente não sei se haverá uma definição que possa ser considerada esclarecedora. Na minha opinião, talvez a que mais se aproxime seja a que aponta a publicidade como uma técnica de comunicação de massas, cujo principal objectivo é actuar sobre a atitude do consumidor.

No entanto, a que considero mais esclarecedora é não uma definição no termo clássico, mas sim algo que a define pela importância. Diz esta que:

«Fazer negócios sem publicidade é como piscar o olho a uma miúda no escuro; você sabe o que está a fazer, mas mais ninguém sabe.»

Como dizia no início, a parte mais esclarecedora do dicionário era o substantivo feminino...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Alunos ou professores?

Para quem gosta de ser professor, a maior angústia de todas é ver partir os alunos e com eles as suas perguntas. Por isso, a criação deste blogue. Nele se tentarão reunir algumas das perguntas a que tive o privilégio de ir respondendo ao longo dos anos.

Será um modo de tentar suspender o tempo? Talvez, mas não é isso que tentamos ao escrever? Será, de certeza, um modo de agradecer tudo aquilo que os meus alunos me ensinaram e ensinam com as suas perguntas. Será, com certeza, um modo de as manter vivas e, com isso, os laços que nos unem.

Antoine de Saint-Exupéry explicou-o muito bem no Principezinho. É só ler mais abaixo.

"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra. O teu chamar-me-á para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
(…)Os homens já se esqueceram desta verdade, disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.
Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativas."

Se não sabe, porque é que pergunta?

O meu Mestre, como só os Mestres com caixa alta sabem fazer, passa a vida a mostrar-me novas janelas para o Mundo. Uma delas foi o modo diferente de olhar as perguntas, especialmente bem explicada nesta sua reflexão em que, descaradamente, me "inspirei" para a descrição deste blogue.

«Nós olhamos muitas vezes a realidade e pensamos «é um mistério». Não é. É o contrário. As respostas estão todas dadas, nós só temos que fazer as perguntas. O real é uma resposta. Por isso é que o mais importante que se pode fazer hoje é ouvir as pessoas».