terça-feira, 18 de maio de 2010

Onde rezas hoje?

Lipovetsky alerta inúmeras vezes. E um graffiter português partilha da mesma ideia (ver foto). Estamos a endeusar o consumo e a esperar dele toda a felicidade possível no mundo.

E atenção que eu não partilho das visões negras do conceito de mercado livre. Acho fundamental que exista, porque só não existe onde não há liberdade de escolha!

Mas a verdade é que se vê uma lógica quase religiosa no consumismo pós-moderno.
A mensagem que se segue lia num daqueles inúmeros e-mails que recebemos e cuja autoria se perdeu algures no caminho. Mas ficou o essencial.

Na Idade Média, as cidades adquiriam estatuto construindo uma catedral; hoje constrói-se um centro comercial. E até se podem apontar algumas semelhanças: não se pode entrar num centro comercial vestido de qualquer maneira e lá dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua ou lixo nas calçadas... Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objectos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar, sente-se no reino dos céus; se precisa de crédito, sente-se no Purgatório; se não pode comprar, certamente vai sentir-se no Inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com a mesma bebida e o mesmo hambúrguer...
Sócrates, o filósofo grego, também gostava de percorrer o centro comercial de Atenas. Quando os vendedores o assediavam, ele respondia: "Estou apenas a ver quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!".

4 comentários:

Pedro Fernandes disse...

Excelente post professor!

Unknown disse...

Olá Professor,

Quando li o livro da Naomi Klein, senti meio arrependido de ter escolhido a publicidade como carreira, mas a maturidade ensinou-me que a arma que tenho e a atenção que me dão, podem ser usadas de diversas maneiras.
E contigo aprendi a ver que o problema não estava no capitalismo, mas sim no nosso comportamento.
Obrigado por ir com esses pequenos textos, me ponde a pensar sobre coisas.

Amém!

João Soares Barros disse...

Grande Wendell,

Questionar as coisas é um caminho só trilhado pelos homens de bom senso. Um caminho que tu felizmente segues e onde já aprendeste uma das lições mais importantes da vida: as coisas são o que fazemos com elas.
É como a história da corda: serve para enforcar, mas também serve para salvar.
E sou que tenho de vos agradecer, pois um professor não é nada sem os seus alunos.

Abraço sentido

Carlota disse...

oh... também tenho uma foto desse grafitti :)

http://www.flickr.com/photos/carlotacunha/3145162034/in/set-72157618338452320/

beijinho!