quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A mentira da verdade?

A história vinha na revista Visão.

Segundo uma lenda indiana, um príncipe desejava casar com uma bela mulher - como em quase todas as histórias, não é? -, mas o pai da rapariga apenas a entregava a quem encontrasse a verdade.

Assim, o príncipe correu o mundo, perguntando a todos se sabiam onde estava a verdade, mas a resposta era sempre a mesma: «não, não conhecemos».

Ao fim de anos e anos, já esgotado, parou para descansar numa gruta. Apareceu-lhe uma mulher horrenda, encarquilhada, peluda, coberta de verrugas e pústulas, que disse: «sou eu a Verdade».

Emocionado, o príncipe pediu-lhe logo que viesse com ele, pois todos na Terra ansiavam por conhecê-la.

Ela negou. «Diz-lhes só que sou bela e deslumbrante».
Ou como disse o Ricardo Araújo Pereira, na mesma revista: «Todos os dias ouvimos a verdade ser gabada. Que a verdade é para ser dita. Que a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. Grande coisa. Sabem o que é que também anda sempre à tona? O cocó.»

Por que razão emoção rima com comunicação?

Se uma mensagem não for capaz de despertar uma emoção, todo o processo acaba por cair e nada do que quisemos transmitir fica retido.

Kevin Roberts, CEO da Saatchi & Saatchi, percebeu há muito tempo a importância da emoção no processo comunicacional.

Tive o privilégio de assistir a uma apresentação dele, finalizada com a passagem deste anúncio. O impacto foi algo de extraordinário: foram dezenas as pessoas que, após a saída da conferência, pegaram no telemóvel para ligar para pais, irmãos, mulheres, maridos, etc.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Quando nasceu a publicidade?

É quase um exercício de estilo. Seria, por exemplo, perfeitamente discutível até que ponto as inscrições dos homens nas paredes das cavernas durante a pré-história não seriam um modo de se promoveram e, por isso, uma forma de publicidade. Na verdade, esta é uma daquelas discussões próximas da do ovo e da galinha; ou seja, qualquer resposta é defensável.

É, por isso, que qualquer profissão pode reclamar para si o título de “a mais velha profissão do mundo” – além dessa que o leitor está a pensar. Por exemplo, já ouvi um informático reclamar para a sua profissão esse título. Obviamente deixou a plateia estupefacta. Informático? Como é possível? Simples, respondeu; «no princípio não era o Caos? E aqui na empresa não é sempre a informática que cria o caos? Então nós somos anteriores à criação do Mundo...».

Obviamente que existem alguns marcos históricos mais ou menos aceites por todos, como umas tabuletas encontradas em Pompeia que promoviam combates de gladiadores. Mas até aqui se volta a introduzir um episódio pitoresco, pois há quem afirme que, além dessas, existiriam também outras promovendo algumas casas de reputação duvidosa... Ou seja, não sendo a publicidade a profissão mais velha do mundo, será pelo menos uma das mais antigas, já que começou por promover aquela que, ao longo dos tempos, tem sido conhecida por esse epíteto.

Episódios coloridos à parte, a verdade é que a publicidade, tal como a conhecemos hoje, é filha da Revolução Industrial.

É que, entre as inúmeras mudanças provocadas pela Revolução Industrial, assiste-se ao fim de um mundo onde vigorava a produção de subsistência para passarmos a um outro onde domina a produção em massa. A isto acrescenta o fim do sistema de troca directa (toma lá uma galinha e dá cá um casaco), para passarmos a ter pessoas com dinheiro e, muito importante, tempo para o gastar.
Estamos então perante uma sociedade onde passa a haver concorrência e consumidores.

A produção já não é mais o domínio do artesão que conhecia todos os clientes e por eles era reconhecido, não precisando por isso de marcar os seus produtos (dado que ele próprio funcionava como marca), mas sim de inúmeras fábricas que abastecem diferentes mercados que não as identificam.

Pense assim: antes da Revolução Industrial, você teria um sapateiro na sua aldeia, cujo trabalho você conhecia na perfeição sabendo que esperar dele. Após a Revolução Industrial existem diversas fábricas de calçado que abastecem não só a sua aldeia, mas outras dezenas de aldeias. E agora, como é que você pode saber qual é a melhor? Como pode evitar comprar os sapatos que não apreciou ou, pelo contrário, voltar a comprar aqueles a que reconheceu tanta qualidade?

Ou seja, nascem duas necessidades fundamentais: diferenciação dos diferentes produtores (o que vai dar origem à marca) e necessidade de comunicar/informar as pessoas - a publicidade.