terça-feira, 31 de março de 2009

O que é uma avó?

Este artigo circula na Internet como sendo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no "Jornal do Cartaxo". Provavelmente a história não será bem esta, até porque creio que nem existe um jornal exactamente com este nome, mas sim chamado "Jornal O Povo do Cartaxo". Mas tudo isto são pormenores, perante a verdadeira delícia que é este texto.

"Uma avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem «Despacha-te!».
Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.
As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.
Toda a gente deve fazer o possível por ter uma avó, sobretudo se não tiver televisão."

segunda-feira, 30 de março de 2009

Eutanásia?

Marido e mulher estão sentados na sala, a falar das muitas coisas da vida. A falar de viver e morrer.

Então ele diz-lhe: “Nunca me deixes viver num estado vegetativo, dependendo de uma máquina e de líquidos. Se me vires nesse estado, desliga tudo o que me mantém vivo, ok?”

A mulher levanta-se, desliga a televisão e deita fora a cerveja que ele estava a beber.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Continuamos a vermo-nos gregos?

É, no mínimo, merecedor de alguma atenção o facto desta letra dos Xutos se manter tão actual... quase 30 anos depois.

Barcos Gregos
Já estou farto de procurar
Um sítio para me encaixar
Mas não pode ser
Está tudo cheio, tão cheio, cheio, cheio
Mas o que é que eu vou fazer?

Eu vou para longe, para muito longe
Fazer-me ao mar, num dia negro
Vou embarcar, num barco grego
Falta-me o ar, falta-me emprego
Para cá ficar

Já estou farto de descobrir
Tantas portas por abrir
Mas não pode ser, é tudo feio, tão feio, feio
Mas o que é que eu vou fazer?

Eu vou para longe, para muito longe
Fazer-me ao mar, num dia negro
Vou embarcar, num barco grego
Falta-me o ar, falta-me emprego
Para cá ficar



Curiosidades: Esta canção faz parte do álbum Cerco, de 1985, que foi gravado após muita persistência dos Xutos&Pontapés. Daí o nome: sentiam que estavam a ser "cercados" pelas editoras. Consta até que, pelo menos, a bateria de algumas músicas foi gravada no palco da sala vazia do Rock Rendez-Vous.
Neste álbum pode encontrar-se a versão original do tema "Homem do Leme", que mais tarde se viria a tornar a canção da vida de muita gente.

quinta-feira, 19 de março de 2009

E do pai?

"Não há um entre nós que não seja um pequeno, um médio, um grande ou um grandessíssimo filho da mãe."
Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quantos se vão esquecer?

"Se cuidar das pessoas, o negócio cuida de si mesmo."
Daniel P. Amos, CEO da Aflac Incorporated, citado por Sandrine Lage em Anuário RH

segunda-feira, 16 de março de 2009

A kiss is still a kiss?

"Afinal, porque beijamos? Simples: porque queremos. E, contudo, explicam os cientistas, o fenómeno é muito mais complexo que a simples comunhão de duas bocas, seja no entrelaçar das línguas ou, com menos saliva, na união de dois lábios (ou, para ser mais rigoroso, dois pares de lábios). Por isso criaram a filematologia, a ciência que estuda o beijo e as suas funções.

Como na canção "As Time Goes By", imortalizada em "Casablanca", "a kiss is still a kiss" mas será sempre algo mais que a estrofe em que duas bocas rimam, para usar outra citação famosa. Por detrás de cada gesto escondem-se não só um emaranhado de reacções orgânicas, mas também uma miríade de motivações que nem sempre são óbvias. Beijamos por paixão, mas também por costume, educação, respeito e até por mera formalidade. A própria forma como beijamos varia de acordo com o que queremos expressar.

Segundo o antropólogo inglês Desmond Morris, as origens do beijo estão num instinto bem mais primário: o das mães primatas mastigarem a comida e a passarem às crias através da boca, um costume que sobrevive ainda em algumas tribos do Planeta. O gesto, especula Morris, terá evoluído para uma forma de confortar crianças esfomeadas quando a comida escasseava e, mais tarde, para demonstrar amor e carinho.

Para outros cientistas, beijar está ligado ao complexo processo de escolha de um parceiro. Quando duas pessoas se beijam, trocam uma série de informações (gustativas, mas também olfactivas, tácteis, visuais e até de postura) que, inconscientemente, as ajudam a perceber o grau de comprometimento do outro na relação. O gesto pode revelar até que ponto se está perante a pessoa ideal para formar família, sendo por isso uma acção fundamental para a sobrevivência das espécies.

A chave deste fenómeno está no olfacto. Beijar activa a libertação de feromonas que, ao serem detectadas, de forma inconsciente, pelas mulheres, as ajudam a escolher os parceiros que terão uma melhor descendência. A explicação está num conjunto de genes ligados a uma parte do sistema imunitário conhecida como complexo maior de histocompatibilidade (CMH), que, através do olfacto, desempenha um papel fundamental na atracção sexual. Aqui funciona a lei de que os opostos se atraem: elas preferem homens com um CMH diferente do seu, uma escolha influenciada pela Natureza: juntar parceiros com diferentes genes do sistema imunológico fortalece as defesas da geração seguinte, melhorando, assim, as hipóteses de sobrevivência da espécie.

Talvez por isso, a ciência tem demonstrado que o primeiro beijo pode ajudar a afastar o que as forças do romantismo uniram. O sucesso de uma relação depende, muitas vezes, desse momento único em que os lábios se tocam pela primeira vez. Segundo um estudo publicado na revista científica "Evolutionary Psychology", 59% dos homens e 66% das mulheres admitiram já ter perdido o interesse por alguém após o primeiro beijo.

A investigação revela outros dados interessantes, que vêm confirmar alguns estereótipos sobre os comportamentos sexuais dos dois géneros: os homens utilizam mais o beijo como um meio para atingir um envolvimento sexual e estão mais predispostos a ter sexo sem beijar, com alguém que considerem beijar mal ou mesmo com alguém por quem não se sintam atraídos. Já as mulheres, intuitivamente, tendem a usar o beijo para avaliar o estado da sua relação e o grau de comprometimento do seu parceiro.

O estudo revelou outro dado curioso: os homens preferem beijos mais molhados e com mais contacto de língua. A opção, percebe-se agora, não é ingénua. A saliva masculina contém grandes quantidades de testosterona que podem afectar a libido das mulheres. Os cientistas baralham outra hipótese: a dos homens terem uma menor capacidade de detecção química e sensorial, precisando por isso de mais saliva para fazer a sua avaliação da parceira.

Igualmente complexa é a equação anatómica e fisiológica de um beijo. O acto põe em acção diversos músculos, cujo número varia em função da intensidade: um beijo carinhoso mobiliza 17 músculos; um mais apaixonado pode chegar aos 29, segundo a tese de doutoramento em Medicina da francesa Martine Mourier, que dedicou as duzentas páginas do seu trabalho aos efeitos do beijo. Outras revelações: a pressão exercida pode atingir os 12 quilos, os batimentos cardíacos disparam dos 70 para os 150 por minuto e são trocadas pelos menos 250 bactérias. Citando um filósofo dos tempos modernos, Duff McKagan, ex-baixista dos Guns N'Roses, «um beijo pode não ser uma coisa higiénica, mas é a maneira mais saborosa de apanhar um germe».

Por isso, ainda que aparentemente inofensivo, beijar pode ser um veículo privilegiado de transmissão de doenças.

Por paradoxal que possa parecer, pode também ter efeitos terapêuticos, por exemplo, no combate à depressão. Segundo um estudo realizado no Reino Unido, beijar estimula o cérebro a libertar endorfinas, substâncias químicas que funcionam como uma espécie de “opiáceo” natural do organismo, proporcionando sensações de prazer, euforia e bem-estar que ajudam a combater a depressão. Quanto mais excitantes e apaixonados os beijos, maiores os benefícios para a saúde. Além disso, baixa os níveis de cortisol, conhecida como a hormona do stress, e pode até funcionar como uma forma de “vacinação” natural dos bebés: ao beijar o seu filho recém-nascido, a mãe transmite-lhes, de forma diluída e progressiva, os seus germes, desencadeando as defesas do organismo do bebé.

Indiferentes às dissertações científicas, beijamos, sobretudo, pelo prazer de beijar. Porque é, afinal, disso que se trata: de um prazer magnético em que duas almas se unem. Que importa o resto?"

Excertos do texto publicado na edição do Expresso de 7 de Março de 2009

sexta-feira, 6 de março de 2009

Como funciona a especulação financeira?

Uma vez, num lugarejo, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por 10€ cada. Os aldeões sabendo que havia muitos macacos na região, foram à floresta e iniciaram a caça aos macacos. O homem comprou centenas de macacos a 10€ e então os aldeões diminuíram seu esforço na caça.

Aí, o homem anunciou que agora pagaria 20€ por cada macaco e os aldeões renovaram seus esforços e foram novamente à caça. Logo, os macacos foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca.

A oferta aumentou para 25€ e a quantidade de macacos ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça.

O homem então anunciou que agora compraria cada macaco por 50€! Entretanto, como iria à cidade grande, deixaria o seu assistente cuidando da compra dos macacos. Na ausência do homem, o assistente disse aos aldeões: «Olhem todos estes macacos na jaula que o homem comprou. Eu posso vender-vos por 35€ e, quando o homem voltar da cidade, vocês podem vender-lhe por 50€ cada».

Os aldeões, espertos, pegaram nas suas economias e compraram todos os macacos do assistente.

Eles nunca mais viram o homem ou o seu assistente, somente macacos por todos os lados.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O choque compensa?

É uma velha discussão na publicidade: até que ponto estímulos especialmente fortes e chocantes são eficazes.

Uma coisa é certa: um anúncio deve ser estruturado de forma a desencadear a nossa atenção reflexiva; pela simples razão de que, regra geral, não andamos exactamente interessados neles.

No entanto, não podemos esquecer o perigo daquilo que Henri Joannis chamou de "força vampiro". Ou seja, usar um estímulo de tal modo desproporcionado que depois todos se lembram dele, mas não se lembram da mensagem que pretendíamos passar. São exemplos, os casos em que todos se lembram da figura pública que entra no anúncio ou da piada que este tinha, mas ninguém se lembra da marca.

Outro perigo é o elemento usado para despertar a atenção ser de tal modo desagradável que o consumidor simplesmente bloqueia qualquer memorização do anúncio.

Regra geral, a solução é usar um estímulo que esteja o mais possível ligado ao objectivo da mensagem publicitária, pois a sua simples recordação já nos coloca a "meio caminho". Mais ou menos como o código postal...

Costumo dar como exemplo - algo exagerado - que um professor que atire uma cadeira contra um vidro de uma janela consegue sem dúvida captar a atenção dos alunos, mas conseguirá que eles tomem atenção a algo mais do que ele diga durante aquela aula? É pouco provável... Todos eles vão estar focalizados no comportamento incomum do professor.
Ou seja, em publicidade, um estímulo destes só seria aceitável se o objectivo fosse vender cadeiras para partir vidros, por exemplo.

Toda esta enorme introdução para vos dar a conhecer um anúncio da Pfizer – que está a ser exibido no Reino Unido e a gerar polémica – e que pretende alertar os consumidores para os perigos da compra de medicamentos online, já que muitos deles têm ingredientes perigosos como veneno para ratos, e cujo estímulo é realmente poderoso.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Pisar o risco?

"Não há nada de mais imoral do que roubar sem riscos. É o risco que nos diferencia dos banqueiros e dos seus émulos que praticam o roubo legalizado com a cobertura dos governos."
Albert Cossery