"Apaixonados como no primeiro dia? Impossível, não podem estar a falar a sério". Durante muito tempo, foi justamente isso que Arthur Aron pensou, ao ouvir casais afirmarem que a chama da paixão se mantinha acesa após mais de 20 anos de vida em comum. Mas, e se estivessem, de facto, a falar a sério? Psicólogo da Stony Brook University, de Nova Iorque, nos Estados Unidos, Arthur Aron ficou intrigado com estes relatos de eterna felicidade conjugal e, afinal, é mesmo assim: o estudo que conduziu indica que, para uma afortunada minoria - um em cada dez dos casais analisados -, o amor pode mesmo durar a vida inteira.
Segundo a edição online de ontem do Sunday Times, a equipa de investigadores comparou, através de scanner cerebral, as reacções químicas manifestadas por casais de longa data e por casais em início de relacionamento amoroso. Os resultados foram surpreendentes: o cérebro de alguns casais, juntos há mais de 20 anos, libertou os mesmos níveis de dopamina - neurotransmissor associado às sensações de prazer - encontrados na fase inicial do enamoramento. Mas, sublinham os investigadores, sem o quadro obsessivo que também caracteriza esse estado nascente, o que poderá indiciar uma maior maturidade no relacionamento destes casais que, passado o teste do tempo, podem dizer com segurança ter encontrado a sua "alma gémea".
"Estes resultados vão contra a visão tradicional de que a paixão esmorece dramaticamente durante os primeiros dez anos de relacionamento, mas agora sabemos que o contrário é possível", afirmou Arthur Aron, citado pelo Sunday Times.
Aos casais imunes ao declínio da paixão, a equipa de investigadores da universidade nova-iorquina atribuiu a designação de "cisnes", uma das espécies que, no mundo animal, dedica toda a sua vida ao mesmo parceiro.
In DN
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