Goste-se ou não, Miguel Sousa Tavares assina no "Expresso" uma crónica bem esclarecedora dos males que nos têm atormentado nos últimos tempos.
Tal como todas as pessoas que têm o estranho hábito de fazer perguntas, Miguel Sousa Tavares olhou para países como a Irlanda, Grécia e Portugal e viu um quotidiano não muito diferente do que era há alguns anos atrás (as crianças vão à escola, os pais vão trabalhar, as lojas estão abertas, etc.). No entanto, as instituições financeiras, do alto da sua sabedoria, dizem-nos que a normalidade é apenas aparente: estamos todos à beira do precipício.
Curioso se pensarmos que na origem do precipício estão investimentos - no mínimo arriscados - dessas mesmas instituições financeiras. Que, diga-se, têm todo o direito de os fazer. Tal como nós. A diferença é que, quando nós quando investimos mal o nosso dinheiro, temos que sofrer as consequências. Já os bancos, quando fazem disparates e perdem o dinheiro que investiram, não ficam sem ele. Ao que parece, arranjam umas quantas crises financeiras, os juros sobem e todo o seu dinheiro volta a ser reposto.
E para não se dar o caso de começarmos a pensar coisas estranhas, o senhor governador do Banco de Portugal e o senhor Presidente da República já vieram dizer que hostilizar as instituições financeiras que determinam a "saúde" de cada um dos mercados não é o caminho!
Enfim, como lembra Miguel Sousa Tavares, os senhores do mundo não são Obama, Hu Jintao, Merkel ou Sarkozy. «Os senhores do mundo são uns cavalheiros que se reúnem uma vez por ano em Davos e aí, entre si, estabelecem as regras do jogo».
Até ao dia em que alguém virar o tabuleiro e disser "game over".
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